Paulo Guedes é investigado por fraude bilionária envolvendo 7 fundos de pensão
Paulo Guedes é investigado por fraude bilionária envolvendo 7 fundos de pensão
Veja a matéria original em: https://www.infomoney.com.br//mercados/politica/noticia/7687616/paulo-guedes-investigado-por-fraude-bilionaria-envolvendo-fundos-pensao
SÃO PAULO – O Ministério Público Federal em Brasília investiga o economista Paulo Guedes, nome apontado pelo presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) para ser o ministro da Fazenda de seu possível governo, sob suspeita de participar de fraudes em negócios com fundos de pensão de estatais praticados por executivos ligados ao PT e ao MDB.
Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, a BR Educacional Gestora de Ativos, de Guedes, lançou em 2009 dois fundos de investimento que receberam R$ 1 bilhão de entidades de previdência de estatais em seis anos. O guru econômico de Bolsonaro é investigado por suposta emissão e negociação de títulos sem lastros ou garantias ao negociar, obter e investir recursos de sete fundos.
Entre as entidades envolvidas estão o Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras), Funcep (Caixa), Postalis (Correios) e BNDESPar, braço de investimentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Na visão do MPF, há “relevantes indícios de que, entre fevereiro de 2009 e junho de 2013, diretores/gestores dos fundos de gestão e da sociedade por ações BNDESPar se consorciaram com o empresário Paulo Roberto Nunes Guedes, controlador do grupo HSM”. O órgão apura se foram cometidos os crimes de gestão fraudulenta ou temerária.
Segundo documentos obtidos pela reportagem, um dos fundos, o FIP (Fundo de Investimento em Participações) BR Educacional, teria obtido R$ 400 milhões entre 2009 e 2013 para projetos educacionais. A suspeita é de que o negócio tenha sido aprovado “sem análise adequada e gerado ganhos excessivos” a Guedes, de acordo com o MPF.
A gestora de ativos recebeu 1,75% sobre o valor total subscrito, não sobre a cifra aportada. Isso fez com que ele recebesse, de imediato, R$ 6,6 milhões. No primeiro ano de aporte, segundo a Folha, o dinheiro aplicado pelos fundos de pensão foram injetados unicamente na empresa HSM Educacional S.A., que tinha Guedes como controlador.
Depois disso, a HSM Educacional adquiriu de um grupo argentino 100% de participação em outra companhia, a HSM do Brasil, em uma operação de R$ 16,5 milhões de ágio pelas ações (não negociadas em bolsa), embora a empresa não estivesse em operação no país e fosse apenas uma marca. O empreendimento visava a realização de palestras e eventos para estudantes e executivos.
Após a injeção de recursos, as empresas passaram a colecionar prejuízos. Um dos principais pontos para este resultado foi a remuneração de palestrantes, que somou R$ 11,9 milhões em 2011 e 2012. Segundo a reportagem, Guedes rodava o país para palestrar em conferências promovidas pela empresa. O MPF conclui que o resultado líquido do investimento do FIP no projeto da HSM foi negativo em R$ 16 milhões.
Agora, o MPF vai rastrear o dinheiro das palestras para identificar quem recebeu os pagamentos. A Procuradoria ainda pediu à Polícia Federal que abra inquérito sobre o caso e também apurações na CGU (Controladoria-Geral da União), no TCU (Tribunal de Contas da União) e na CVM (Comissão de Valores Mobilários). Os fundos de pensão envolvidos devem apresentar cópias de documentos que ajudem na investigação em até dez dias, estabeleceu o MPF.
Procurado pela reportagem da Folha, Guedes não respondeu.
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Outro caso
Em setembro, o InfoMoney publicou que Guedes havia sido citado em um esquema de fraude julgado na Justiça Federal do Rio de Janeiro. Ele teria ganhado R$ 600 mil em dois dias com operações na Bolsa, em 2014.
Na época, a revista Crusoé, que teve acesso ao processo, disse que o esquema tinha envolvido a Fapes, fundo de pensão do BNDES, e a corretora Dimarco, que já teve três diretores condenados à prisão pela Justiça. Guedes teria sido citado nominalmente quatro vezes na sentença que condenou os executivos e sua empresa, a GPG, mencionada 27 vezes.
Os R$ 600 mil teriam vindo de 17 operações com contratos futuros de Ibovespa. Junto com os demais citados no processo, o lucro total teria sido de R$ 5 milhões.